O que se passou no Mundial 2010 - 2ª parte.

Carlos Queiróz – O que se passou no Mundial - 2ª parte).

Por: Ana Paula Gouveia.

Nani fracturou a clavícula em Portugal, mas seguiu para a África do Sul por pressões do agente Jorge Mendes, e depois de ter sido visto por uma homeopata.

Os insultos de Carlos Queiróz aos médicos anti-doping não foram conhecidos durante o Mundial porque houve um acordo de cavalheiros para não desestabilizar a equipa. Deco tinha muitos amigos na selecção e o castigo do treinador provocou uma cisão no balneário' Estas são algumas das revelações de António Boronha, numa entrevista á Sábado. O antigo vice-presidente da FPF foi
afastado em 2002, após a péssima campanha no mundial da Coreia-Japão, mas continua a saber todas as histórias. e avisa: «Ás vezes até penso que é melhor os meus amigos não me contarem as coisas, porque depois acabo por as colocar no meu blogue» Foi isso que aconteceu com os alegados insultos de Carlos Queiróz aos médicos da Autoridade Antidopagem de Portugal, na Covilhã, que surgiram pela primeira vez em http://antonioboronha.blogspot.com.

Boronha garante que Nani se lesionou mesmo, apesar dos boatos de doping. "Ele fracturou a clavícula. E não foi uma fissura, fracturou mesmo. O despartamento médico disse logo que ele tería uma paragem de cinco a seis semanas. Mas Queiróz,, por pressão do jogador e do seu agente, Jorge Mendes, decidiu levá-lo para a África do Sul." O seleccionador permitiu ainda que Nani, por sugestão de Jorge Mendes, fosse visto por uma homeopata, no hotel de Oeiras onde estagiava a selecção. O que desagradou ao departamento médico. A Sábado confirmou junto de uma fonte da FPF que a homeopata terá dado duas a três injecções de produtos naturais ao atleta, antes da partida para a África do Sul. Foi então que um dos médicos da selecção ponderou apresentar a sua demissão e não seguir para a África do Sul., diz Boronha.

Sobre o controlo antidoping na Covilhã, a 16 de Maio, diz que Carlos Queiróz teve uma reacção extenporãnea, espatafúrdia e ordinária. O controlo-surpresa foi feito aos sete jogadores que já estavam em estágio, os quais foram acordados á vez, a partir das 07:45 horas, como confirmou a mesma fonte federativa.

Já na África do Sul, Queiróz não teve capacidade para gerir as pequenas dificuldades que foram surgindo, como as críticas de Deco e Cristiano Ronaldo, diz Boronha. Para Boronha não se pode acusar Queiróz de falta de empenho - a questão é que faz as coisas como se fosse um robõ, sem
flexibilidade: Cumpre o plano de trabalho á risca, como se estivesse numa unidade de produção em série, onde se planeia fazer vinte peças numa hora. Ele tinha decidido que ao minuto X do jogo contra a Espanha saía o Hugo Almeida e não olhou para o que estava para trás ou o que o jogador podia fazer.

Boronha apoiou a contratação de Queiróz em 2008 e já em 2000, quando era vice-presidente da FPF, apontara a Gilberto Madaíl o seu nome, juntamente com o de António Oliveira, que sería o escolhido. Mas tem vindo a mudar de opinião. «Logo em 2000 fui alertado por mais de uma pessoa para o facto de ele não ser tão fácil nem tão fleumático como aparenta» Considera agora que Queiróz não tem condições para se manter no cargo, mas acredita que não vai concordar com uma rescisão amigável, a solução que «serviria o interesse de todos».

Revista Sábado, (327) de 05 a 11 de Agosto 2010.